quinta-feira, 11 de junho de 2009

"Doidas e Santas"

"Toda mulher é doida. Impossível não ser. A gente nasce com um dispositivo interno que nos informa desde cedo que, sem amor, a vida não vale a pena ser vivida, e dá-lhe usar nosso poder de sedução para encontrar "the big one", aquele que será inteligente, másculo, se importará com nossos sentimentos e não nos deixará na mão jamais. Uma tarefa que dá para ocupar uma vida, não é mesmo? Mas além disso temos que ser independentes, bonitas, ter filhos e fingir de vez em quando que somos santas, ajuizadas, responsáveis, e que nunca, mas nunca, pensaremos em jogar tudo pro alto e embarcar num navio-pirata comandado pelo Johnny Depp, ou então virar uma cafetina, sei lá, diga aí uma fantasia secreta, sua imaginação deve ser melhor que a minha. Eu só conheço mulher louca.
Pense em qualquer uma que você conhece e me diga se ela não tem ao menos três dessas qualificações: exagerada, dramática, verborrágica, maníaca, fantasiosa, apaixonada, delirante. Pois então. Também é louca. E fascina a todos. Todas as mulheres estão dispostas a abrir a janela, não importa a idade que tenham. Nossa insanidade tem nome: chama-se Vontade de Viver até a Última Gota.
Só as cansadas é que se recusam a levantar da cadeira para ver quem está chamando lá fora. E santa, fica combinado, não existe. Uma mulher que só reze, que tenha desistido dos prazeres da inquietude, que não deseje mais nada? Você vai concordar comigo: só sendo louca de pedra. "

Martha Medeiros

Blablablá!

Nunca havia achado um livro que pudesse descrever tão bem o que sinto. Parece até que contribui para o desenvolvimento de alguns trechos, de tanto que se parecem comigo. Apaixonei-me pela história de Mercedes assim que me deparei com um trechinho do livro. Tratei logo de providenciá-lo, pois sabia que me surpreenderia...Como de costume não me enganei, tenho os sentidos aguçados pra essas coisas, cultuo bons livros, ouço músicas esplêndidas, sou apaixonada por poemas e me emociono com belos filmes. E por falar em filme, assisti esse fim de semana o filme baseado no livro Divã. Foi uma experiência fantástica.

E o que tem nessa obra que tanto me fascina?

É simplesmente magnífica, aborda questões relacionadas a amor, paixão, traição, sexo, profissão, família, vida, morte...Tudo isso com muita sinceridade e bom humor.
Se pararmos pra pensar tudo é tão vago, estamos constantemente buscando resposta pra nossas inquietudes. O script é sempre o mesmo: nascer, crescer, procriar e morrer. Eu não me enquadro nessa linha, nunca fui de seguir “regras”, eu prefiro progredir que procriar, não tenho a mínima vocação pra babá eterna, tenho outros anseios, o de ser mãe ta fora dos planos. Talvez eu seja a mais fria entre as mulheres, talvez a que pense em volume mais alto...

“Vidas não são entregues em Kits personalizados, compostos por dois sonhos, meia dúzia de projetos e uma única maluquice. Essa costuma ser a munição que cada pessoa recebe ao nascer... Eu aceito o dote que me toca, mas ninguém me impede de incrementá-lo”.

Ah, e eu incremento muito bem por sinal.Rs! Nada me assombra, vivo intensamente, faço o que der na telha e raramente me arrependo. Se eu sinto alguma culpa é por não sentir culpa alguma, tudo é válido! Só não vale é repetir os erros...A graça da vida é estar sempre conhecendo coisas novas. Eu estou aberta a isso...O novo sempre me atraiu!

O que tem me incomodado ultimamente é que não tenho dado espaço pro novo. Ta tudo tão previsível, sob controle eu diria. Não tenho conseguido compartilhar emoções, me doar, confiar nas pessoas. O chato é que estou quase me acostumando a isso. Não tenho tido problemas em ficar sozinha com meus botões...

“Espelho, espelho meu! Existe alguém mais egoísta que eu? [...] Meu egoísmo não é material.Meu egoísmo é o de não conseguir repartir emoções.Não tenho conseguido nem dar nem receber!”

Talvez eu precise mesmo ficar sozinha por uns tempos, pra refletir, colocar as idéias em ordem...Mas pra que tanta ordem?Pra que se programar pro futuro se nem ao menos sabemos se ele vai chegar?E se tudo que existir for o agora?

São tantos os questionamentos...
“Tenho que ser lógica pra entender minha própria confusão. Ser ao mesmo tempo o veneno e o antídoto”.
“A falta de definição por si só define a vida. Tudo é transitório; nossas manias, nossos pensamentos, nossos amores, nossos pontos de vista. Sabemos o que somos e o que sentimos, mas não sabemos até quando”.


O que eu sinto?Dê-me algum minuto pra pensar...

SEI LÁ O QUE EU SINTO! Também já não importa, pra que questionar o motivo de minha existência, se as respostas nunca serão satisfatórias. A questão é, se não iremos permanecer aqui na terra por muito tempo, é de supor que nossas dúvidas atrozes também não irão existir pra sempre. Logo não há porque me preocupar...Seja qual for à missão, hei de cumpri-la com louvor, pois o que não me falta é determinação. Se tudo o que conta é o agora, que este seja intenso e inesquecível.


by: Danielle Garcez