domingo, 20 de dezembro de 2009

Socorro, eu não estou sentindo nada.
Nem medo, nem calor, nem fogo,
Não vai dar mais pra chorar
Nem pra rir.

Socorro, alguma alma, mesmo que penada,
Me empreste suas penas.
Já não sinto amor nem dor,
Já não sinto nada.

Socorro, alguém me dê um coração,
Que esse já não bate nem apanha.
Por favor, uma emoção pequena,
Qualquer coisa que se sinta,
Tem tantos sentimentos,
Deve ter algum que sirva.

Socorro, alguma rua que me dê sentido,
Em qualquer cruzamento,
Acostamento, encruzilhada,
Socorro, eu já não sinto nada.


Quando não sei o que sou...

...Sou um buraco no plano
O pensamento fora do dono
A virgindade distante da moça
A pérola fora da ostra
Os desarranjos da natureza
A lagarta da borboleta
A fome dos desnutridos
O sangue dos vencidos
A ferida dos curandeiros
A dor de alma dos poetas
O órgão dos sentidos
A alegria dos desvalidos
O desafinar do canto dos pássaros
Os estardalhaços da alma
A vida dos fantasmas
A morte dos orgulhosos
Sou o que morre todos os dias, e renasce no despertar das flores.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Mulata Exportação


"Mas que nega linda
E de olho verde ainda
Olho de veneno e açúcar!

Vem nega, vem ser minha desculpa
Vem que aqui dentro ainda te cabe
Vem ser meu álibi, minha bela conduta
Vem, nega exportação, vem meu pão de açúcar!

(Monto casa procê mas ninguém pode saber,
entendeu meu dendê?)
Minha tonteira minha história contundida
Minha memória confundida, meu futebol,
entendeu meu gelol?

Rebola bem meu bem-querer,
sou seu improviso, seu karaoquê;
Vem nega, sem eu ter que fazer nada.
Vem sem ter que me mexer

Em mim tu esqueces tarefas,
favelas, senzalas, nada mais vai doer.
Sinto cheiro docê, meu maculelê, v
em negra, me ama, me colore
Vem, nega, vem me arrasar,
depois te levo pra gente sambar.

Imaginem:
Ouvi tudo isso sem calma e sem dor.
Já preso esse ex-feitor, eu disse:
"Seu delegado..."
E o delegado piscou.

Falei com o juiz, o juiz se insinuou e decretou pequena pena
com cela especial por ser esse branco intelectual...
Eu disse:
"Seu Juiz, não adianta! Opressão, Barbaridade, Genocídio
nada disso se cura trepando com uma escura"!

Ó minha máxima lei, deixai de asneira
Não vai ser um branco mal resolvido
Que vai libertar uma negra:

Esse branco ardido está fadado
porque não é com lábia de pseudo-oprimido
que vai aliviar seu passado.

Olha aqui meu senhor:
Eu me lembro da senzala
E tu te lembras da Casa-Grande
E vamos juntos escrever sinceramente outra história

Digo, repito e não minto:
Vamos passar essa verdade a limpo
Porque não é dançando samba
Que eu te redimo ou te acredito:
Vê se te afasta, não invista, não insista!

Meu nojo!
Meu engodo cultural!
Minha lavagem de lata!

Porque deixar de ser racista, meu amor,
Não é comer uma mulata! "

(Elisa Lucinda)
http://www.youtube.com/watch?v=o7WOmW5vlOk

"Eu preciso aprender a ser menos. Menos dramática. Menos intensa. Menos exagerada. Alguém já desejou isso na vida: ser menos? Pois é. Estranho. Mas eu preciso. Nesse minuto, nesse segundo, por favor, me bloqueie o coração, me cale o pensamento, me dê uma droga forte para tranqüilizar a alma. Porque eu preciso. E preciso muito. Eu preciso diminuir o ritmo, abaixar o volume, andar na velocidade permitida, não atropelar quem chega, não tropeçar em mim mesma. Eu preciso respirar. Me aperte o pause, me deixe em stand by, eu não dou conta do meu coração que quer muito. Eu preciso desatar o nó. Eu preciso sentir menos, sonhar menos, amar menos, sofrer menos ainda. Aonde está a placa de PARE bem no meio da minha frase? Confesso: eu não consigo. Nada em mim pára, nada em mim é morno, nada é pouco, não existe sinal vermelho no meu caminho que se abre e me chama. E eu vou... Com o coração na mochila, o lápis borrado, o sorriso e a dúvida, a coragem e o medo, mas vou... Não digo: "estou indo", não digo: "daqui a pouco", nada tem hora a não ser agora. Existe aí algum remedinho para não-sentir? Existe alguma terapia, acupuntura, pedras, cores e aromas para me calar a alma e deixar mudo o pensamento? Quer saber? Existe. Existe e eu preciso. Preciso e não quero."
Fernanda Mello

A priori...

Pois bem, venho por meio deste expressar-me unicamente. Entendam, precisava de fato de um lugar pra jogar ''minhas tralhas''.
Idéias surgem quando menos espero, não posso deixá-las assim soltas. Tão displicentemente!

Hoje enquanto ouvia João Nogueira, me atentei ao seguinte trecho:

"...A vida é mesmo uma missão
A morte é uma ilusão
Só sabe quem viveu,
Pois quando o espelho é bom
Ninguém jamais morreu..."

É por estas e outras que a vida se torna tão mais esplêndida. Ao contrário do que diria Schopenhauer e toda sua teoria niilista. Esta que a meu ver, era refutada pelo próprio. Enquanto lia 'Além do bem e do Mal' de Nietzsche (meu preferido), pude notar nossa convergência de concepções.
Direto ao assunto... Todos os dias, depois da refeição, Schopenhauer tocava flauta. Logo, este havia encontrado um modo de sentir prazer. E pelo que sei, o prazer é estritamente ligado a sentimentos como auto-realização e felicidade. Destarte, nem ele era pessimista ao extremo. Como quis nos transmitir.

ºMas já era de se saber, que ninguém é inteiramente destinado à uma doutrina específica, ou sensação.º

Hoje, dia 07 de dezembro, resolvi organizar tudo isso aqui. Mas nem sei se postarei mesmo. Pra falar a verdade, pensei em escrever algo mais interessante. E nada me veio em mente...

Alguma sugestão?

"... Nessa espera o mundo gira em linhas tortas..."

Bem, estou ouvindo Los Hermanos... Embora esteja pensando numa música do Chico Buarque. Será que existe mais alguém assim, demasiadamente aleatório?!
Ahh não posso deixar de contar, a saudade pela qual fui acometida. Os estudos acabaram, e eu nunca pensei que fosse sentir falta. Realmente, agora começo a entender como as coisas são. O peso da transição de nível de conhecimento, é alto. Cobranças surgem, assustam... E o pior é que são inevitáveis, só resta acostumar-me. Em breve estarei a exercer o papel de administradora e me orgulho muito do fato!

"... Vou pisando o asfalto entre os automóveis
Mesmo o mais sozinho nunca fica só
Sempre haverá um idiota ao redor..."

sábado, 5 de dezembro de 2009


"Pronto
Agora que voltou tudo ao normal
Talvez você consiga ser menos rei
E um pouco mais real
Esqueça
As horas nunca andam para trás
Todo dia é dia de aprender um pouco
Do muito que a vida traz.
Mas muito pra mim é tão pouco
E pouco é um pouco demais
Viver tá me deixando louca
Não sei mais do que sou capaz
Gritando pra não ficar rouca
Em guerra lutando por paz
Muito pra mim é tão pouco
E pouco eu não quero mais
Chega!
Não me condene pelo seu penar
Pesos e medidas não servem
Pra ninguém poder nos comparar
Porque
Eu não pertenço ao mesmo lugar
Em que você se afunda tão raso
Não dá nem pra tentar te salvar
Porque muito pra mim é tão pouco
E pouco é um pouco demais
Viver tá me deixando louca
Não sei mais do que sou capaz
Gritando pra não ficar rouca
Em guerra lutando por paz
Muito pra mim é tão pouco
E pouco eu não quero ...
...veja
A qualidade está inferior
E não é a quantidade que faz
A estrutura de um grande amor
Simplesmente seja
O que você julgar ser o melhor
Mas lembre-se que tudo que começa com muito
Pode acabar muito pior
E muito pra mim é tão pouco
E pouco é um pouco demais
Viver tá me deixando louca
Não sei mais do que sou capaz
Gritando pra não ficar rouca
Em guerra lutando por paz
Muito pra mim é tão pouco
E pouco eu não quero mais
Pouco eu não quero mais.
Pouco eu não quero mais."

Eu já notei...

"Eu já notei que você quer me pegar
E pelo seu jeito, balanço você tem
Mas se você me quer tanto
Me faça querer também
Depois que você ultrapassa o meu sinal
Não fica direito recuar
Me pega, me quebra, me embala até o final
Sou eu que digo a hora de acabar
Sou de decidir
Sou de me guiar
Sou guerreira, não se espante
Faço meu caminho sem desviar
Ou me queira, ou se mande
Já dispensei o seu jeito de pensar
Só me pegue pelo braço quando o baile começar
Se eu gostar do seu suingue
Sou capaz de aceitar"

Composição: Ana Carolina e Totonho Villeroy