quarta-feira, 27 de abril de 2011

Lágrimas Ocultas

Assistindo ontem ao seriado Divã, deparei-me com esse maravilhoso poema da Florbela Espanca...Não poderia deixar de compartilha-lo com vocês, seria um verdadeiro crime! E aí vai...

Se me ponho a cismar em outras eras
Em que ri e cantei, em que era querida,
Parece-me que foi noutras esferas,
Parece-me que foi numa outra vida...

E a minha triste boca dolorida,
Que dantes tinha o rir das primaveras,
Esbate as linhas graves e severas
E cai num abandono de esquecida!

E fico, pensativa, olhando o vago...
Tomo a brandura plácida dum lago
O meu rosto de monja de marfim...

E as lágrimas que choro, branca e calma,
Ninguém as vê brotar dentro da alma!
Ninguém as vê cair dentro de mim!

domingo, 24 de abril de 2011

Charlie Brown Jr. - Me Encontra

E mais uma vez me pego pensando sobre a vida. Ontem, de uma hora pra outra, a mãe de um amigo meu faleceu. Fui tomada por uma sensação esquisita... Morte, vida, morte, aqui, agora, efêmero. Me sinto desperdiçando tanta coisa... Esse momento, esse segundo, esse instante, esse sentimento.
Acordei cedo, noite estranha. Sono pesado, sensação na garganta. Metáforas na vida, metáforas. E-mails que não consigo responder, telefonemas que não consigo realizar, adiamentos. De quê?
Quando a gente põe tudo em perspectiva com a morte, todo o resto parece tão pequeno...... e nenhuma intolerância, ou aborrecimento parece mais fazer qualquer sentido. É quando tudo se preenche da mais absurda saudade e do mais intenso arrependimento por todas as oportunidades desperdiçadas.

Se eu deixasse de existir agora... que diferença eu faria? Que diferença eu teria feito? Que dores ou alegrias deixaria? O que eu construí de significativo e intenso? Amo violentamente algumas pessoas nesse mundo. Mas e se eu morresse será que eu teria contribuído para tormar a vida delas.... feliz?

Só tô confusa. Não sei o que eu quero, mas sei que todo o tempo do mundo é uma ilusão que a gente cria.

Nós somos medo e desejo, somos feitos de silêncio e som. E, como já cantava o Lulu, há certas coisas que eu não sei dizer.........

Saudades ...Oito meses convivendo com sua ausência!




Engraçado como a dor mais profunda, com o passar do tempo, vai sendo substituída pela saudade mais alegre que vem com as lembranças das vivências compartilhadas entre a gente. E a gente chora agradecendo pq um dia esteve perto e junto... e tem certeza de que perto disso todo o resto nem importa. E gente chora... feliz.

Coisas que eu nunca ia fazer


Sensacional essa roda gigante que é a vida. Conversando mais cedo com um amigo no msn me dei conta que nos últimos meses, deliciosamente, fiz coisas que professei a plenos pulmões que jamais iria fazer... E que delícia! Que delícia....

Que delícia que é mudar de opinião, ressignificar-se, redescobrir-se, começar e recomeçar, tudo de novo e de novo.... Renascimentos. Redescobertas...

Este texto não vai ficar bonito... é que ele não nasceu pra ser literário mesmo. É que me deu vontade de falar das coisas e de pensar nas coisas e, por escrito, eu sempre fiz isso melhor... :)

Quero pensar, então escrevo!


Tenho ouvido ha dois dias insistentemente a cancao do Charlie Brown. Engracado eh que canto como se fosse uma oracao.... um mantra, sabe?

Recado:
Sapo encantado, wherever you are, nao precisa se apressar, eu tenho tempo... mas, quando o universo girar... "me encontra... ou deixa eu te encontrar.... me encontra.... deixa eu te encontrar...." :)

A musica eh fofa. Gostei.



Entro na Fnac, me dirijo à seção de livros, estante de poesia brasileira, e me deparo com uma cena inusitada: uma menina de uns 11 anos, deitada, com um monte de volumes abertos ao seu redor, ao lado de um cara franzino que, de relance, julguei ser um amiguinho, mas depois descubro que era o pai. Dou uma olhada nos livros espalhados e qual não é a minha surpresa: Cecília Meireles, uma Cora Coralina e até um glorioso Manoel de Barros! Mas o melhor vem depois. A menina, decidida, mostra a capa ao sujeito meio fracote e roga: "Pai, compra esse?". Era um do Quintana. E o cara responde: "Filha, o pai já comprou muitos livros para você hoje, não é?". Ela parece concordar, mas emenda: "E quando é que a gente vai a uma livraria de novo?". E o magrelo: "No fim de semana a gente vai na Cultura". A garotinha, como quem assina um contrato, encerra: "Então tá".

Eu, que pude levar um Quintana, pensei:
"Ainda vou ter uma dessas".


sexta-feira, 22 de abril de 2011

Vem e me arrebata. Revolve meus cabelos, golpeia meu juízo, suga minha fala. Arranca a minha voz, a falsa calma, transborda meu sorriso. Seja aquele!
Devassa meus limites, derrete meu pudor entre teus dedos. Rasga minha carne rubra de desejos.
Deposita em mim a essência morna dos teus beijos, cola teus versos de sal e alinhava teu poema em meus cabelos!

terça-feira, 19 de abril de 2011

Movida a vapor...

Não são as pessoas. Eu é que espero demais. Por isso é que cada pequena decepção soa como um soco no estômago, uma punhalada em um órgão vital, que sangra até que se esvaia o mínimo resquício de sorriso. Mas é tudo porque eu espero demais. Espero sorrisos, carinho e compreensão demais. Espero demonstrações públicas de afeto, palavras ditas com sinceridade escancarada. Espero certezas e tudo que possuo são dúvidas. Espero respostas , mas só o que encontro são mais e mais perguntas. Preciso de uma fórmula que ensine o meu coração a ter paciência, que ensine o meu humor a ser mais estável, mais passível , mais pacato...

Pensamentos difusos em um dia de calor sufocante

Ia sair, desisti. Tão quente em Brasília.... Mas sei lá, acho que o nome disso que sinto nem é calor, é mais letargia. Ausência de vontade de fazer qualquer coisa, sei lá....

Queria escrever um texto pra uma amiga, organizando algumas coisas sobre as quais conversamos no msn. Conversas perdidas sobre amores, reais e inventados, (in)correspondidos ou não. Mas deu preguiça. Acho que hoje deu foi preguiça de mim.

Preguiça de falar, de insistir... de começar do zero e de novo. Preguiça de tentar. De conhecer ou reconhecer, e acreditar, se deixar levar, de qualquer forma que seja.

Janelas abertas, entra um vento fresquinho que se mistura com o mormaço do clima quente e da minha lentidão de idéias...

Queria me bastar... mas não, não me basto. Queria me revestir de narrativa de auto-suficiência (eu até acho que elas são fortes em mim), mas é que hoje eu não quero.