quinta-feira, 26 de maio de 2011

Iminência


Preciso me retirar. Não para o alto de uma montanha cercada por monges budistas. Preciso me retirar de mim. Ou, melhor, preciso retirar de mim esse olor chamado iminência que me tomou por completo nos últimos tempos e me distanciou da minha essência.

Continuo sabendo onde estou e para onde quero ir, mas isso não é o suficiente para que eu saiba de mim e me reconheça em cada verbo.

Ando me atirando em certos abismos por pura vaidade e isso nada tem haver com a minha verdade de pássaro que voa por amor ao céu e não para acariciar olhares.

Tudo são fases, bem sei, mas toda fase tem a sua face e a minha , nesse momento, desconheço. Não sei se de dama ou menina. Não sei se de puta ou de santa. Não sei se de culpada ou inocente.

Pressinto que meus passos estão largos demais para o tempo que habitam e embora saiba que se faz urgente parar, não consigo. Eu caminho na vastidão da noite escura, mas a iminência caminha com seu vestido seda púrpura.

Por isso preciso me retirar. Me retirar pra vigiar aquela que caminha enquanto não durmo e que me deixa pálida com olheiras de espera.

A minha força nunca seca, pois nasce e deságua num abraço manso. Não há foice que me alcance, pedras que prendam, nem preces que me faça outra.

Me retiro de mim ,hoje, para conceber com olhos de afeto aquilo que tiver que acontecer.

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