quarta-feira, 27 de abril de 2011

Lágrimas Ocultas

Assistindo ontem ao seriado Divã, deparei-me com esse maravilhoso poema da Florbela Espanca...Não poderia deixar de compartilha-lo com vocês, seria um verdadeiro crime! E aí vai...

Se me ponho a cismar em outras eras
Em que ri e cantei, em que era querida,
Parece-me que foi noutras esferas,
Parece-me que foi numa outra vida...

E a minha triste boca dolorida,
Que dantes tinha o rir das primaveras,
Esbate as linhas graves e severas
E cai num abandono de esquecida!

E fico, pensativa, olhando o vago...
Tomo a brandura plácida dum lago
O meu rosto de monja de marfim...

E as lágrimas que choro, branca e calma,
Ninguém as vê brotar dentro da alma!
Ninguém as vê cair dentro de mim!

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